TCU livra distribuidoras de luz de ressacir clientes
Tribunal diz que não está apto a julgar erro no cálculo das tarifas
de energia elétrica que levou consumidor a pagar pelo menos R$ 7 bilhões
a mais entre 2002 e 2010
Rio -
Por cinco votos
a dois, o plenário do Tribunal de Contas da União rejeitou ontem o
relatório do ministro Valmir Campelo e decidiu ontem que não está apto a
julgar processo que pede ressarcimento aos consumidores de cobranças
indevidas nas contas de eletricidade de 2002 a 2010. Segundo cálculos de
técnicos do tribunal, foram cobrados a mais pelas distribuidoras pelo
menos R$ 7 bilhões, quantia que poderia chegar a R$ 11 bilhões. O
processo tramitava desde 2007.
A tese do revisor do processo, Raimundo Carreiro, teve o apoio da
maioria dos ministros e argumenta que o tribunal não pode interceder na
relação entre os consumidores e as distribuidoras de energia elétrica. A
tese de Carreiro é que o TCU não é executor de dívidas e cabe às
instituições de defesa dos consumidores recorrer à Justiça.
Outra justificativa do revisor para não aprovar o ressarcimento das
contas pedido pelo relator é de que a devolução configuraria quebra de
contrato e poderia levar a um clima de insegurança jurídica no país,
afastando investidores. Essa foi a mesma tese defendida pelas
distribuidoras de energia elétrica e pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel).
Aneel admitiu erro
Tanto o TCU quanto a Aneel admitiram que a Agência vinha permitindo
reajustes maiores do que os devidos. Houve mudança na forma de calcular o
reajuste a partir de 2010, mas técnicos do tribunal acreditam que não
foi suficiente, já que não devolveu aos consumidores os valores cobrados
a mais com os reajustes de 2002 a 2010.
A Fundação Procon-SP informou
ainda ontem que vai recorrer da decisão do tribunal em até cinco dias. E
que agirá em conjunto com o Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec) e a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
(Proteste).
Para Maria Inês Dolci, coordenadora do Proteste, a decisão do TCU foi
incoerente. “É uma tristeza que o TCU tenha sido tão contraditório nessa
questão, pois foi quem levantou o problema”, disse.
Fonte: O dia
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